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masculinidades I


Men are grateful objects of study because they are not used to be watched! They are used to watch themselves… (TORR, 2012)

O movimento feminista artístico se dedicou à reapropriação dos corpos de mulheres, ao redirecionamento e desconstrução do olhar e à procura de novas linguagens integrativas. A segunda onda veio para emancipar o objeto e desempoderar o sujeito nas artes visuais. Os corpos eram lidos, legíveis!

Inevitavelmente, surgiu o momento em que se começou a questionar: “Se mulheres são feitas, homens também são?” e “Quem é esse sujeito empoderado que tem o poder de reificar outros corpos?”. E de fato, várias pessoas perguntaram isso. Segundo, Lyra e Medrado (2008), o estudo das masculinidades se iniciou de forma livre e pouco sistematizada no final da década de 80. As publicações pioneiras de 1995 a 2002 foram organizadas no Handbook of Studies of Men and Masculinities (2004) pelos acadêmicos Rayween, Connell, Hearn e Kimmel e em 2013 a Stony Brook University fundou The Center for the Study of Men and Masculinities que oferece um campo acadêmico de apoio à produções relacionadas às masculinidades. Ou seja, a masculinidade entrou como objeto de estudo na academia e nos campos de discussão de gênero e a relação de sujeito e objeto veio se complexificando na medida em que o conceito do masculino como neutro e sujeito absoluto foi desconstruído.

E assim a fluidez da terceira onda feminista entrou no campo das artes. Judith Butler balançou as estruturas restante do modernismo ao afirmar a independência de gênero, sexo e sexualidade e deu origem à teoria queer. O gênero se revelou como performance que se inscreve nos corpos, que é vigiado e repetido até virar natural, normal, não questionável. E a relação objeto e sujeito se complexificou. O lugar de fala de Stuart Hall (2003) ficou mais fluído, se adequou aos espaços, começou a dialogar com o rizoma Deleuziano (1980) e não permitiu mais uma leitura. Os corpos não eram mais lidos, eram construídos, desconstruídos e reformulados....habitando um espaço novo, analfabeto.

Se o dominador da hierarquia de poder não é mais dominador e a hierarquia cessa de ser hierárquica, se o sujeito não é mais sujeito que o objeto, então o homem sujeito não é mais sujeito que a mulher e ela cessa de ser objeto dele. Nunca existiu uma mulher objeto? E nunca existiu um homem sujeito? No mar de publicações sobre o feminino, do sagrado feminino ao anti-essencialismo se destaca a ausência de produções sobre o masculino. Sabendo que não existe mais o homem como sujeito, neutro, natural ficamos de mãos relativamente vazias quando se chega a pergunta “mas, o que é o masculino?”.

A pedagogia corporal do devir masculino cria ao longo de uma vida a fantasia de um sujeito empoderado, criador, viril. E o que é esse devir masculino?

Para Halberstam apud Hasten (1999) masculinidade não é um equivalente ao ser macho; é um conjunto de comportamentos específicos e atitudes que são disponíveis parar todos que tenham interesse em acessa-los. Masculinindade é estritamente simbólica; a sua relação com a coisa que ela representa só é mantida por convenções sociais, e por nenhuma relação física.

Iniciando minha pesquisa sobre masculinidades e levantando a pergunta sobre o que é um homem, pedi para amigos no facebook a disponibilizarem a sua foto do perfil a fim de explorar essa imagem por eles escolhida. Sendo representativa deles no espaço público virtual em que eles ocupam, alguns mais outros menos, o lugar do masculino, essa imagem revela algo sobre esse ser homem.


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